sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Henrique Pranzini, primeiro filho espiritual de Santa Teresinha.

A confiança da jovem Teresa na misericórdia divina lhe dava a certeza de que esse infeliz seria perdoado, pelo triplo assassinato na avenida Montaigne. Mas pediu a Deus um sinal... E esse sinal lhe foi dado!

No ano de 1887, ocorre um episódio marcante para a espiritualidade de Teresa. O execrado Henrique Pranzini, que havia assassinado duas mulheres e uma criança em Paris, fora condenado à morte. Nos meses de julho a agosto Teresa rezou intensamente pela salvação da alma do criminoso, que não demonstrava remorso, e pediu a Nosso Senhor um sinal de arrependimento do assassino. No fim de agosto, leu exultante nos jornais que no momento em que o pescoço de Pranzini foi colocado na guilhotina, ele agarrou um crucifixo que lhe dera um sacerdote e beijou três vezes as sagradas chagas. Era o sinal que ela havia pedido e que indicava a aprovação divina de seu desejo de ser pescadora de almas: “Não foi diante das chagas de Jesus, vendo correr seu sangue divino, que a sede de almas me calou no coração?” (Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. História de uma alma: manuscritos autobiográficos. 2ª. ed., São Paulo: Paulus, 2008., p. 115). 


Madame Montille, assassinada.
Filha da M. Montille, assassinada.
Empregada da M. Montille, assassinada.
Jornal em busca de Pranzini.
Interrogatório de Pranzini.
Julgamento de Pranzini.

Documentos de época.
Documentos de época.
Documentos de época.
 Teresa considerou Pranzini o seu “primeiro filho” ­– ela que, mais tarde, já no Carmelo, diria a Nosso Senhor: vós o sabeis, não tenho outros tesouros senão as almas que vos aprouvestes unir à minha” (Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. História de uma alma: manuscritos autobiográficos. 2ª. ed., São Paulo: Paulus, 2008., p. 277). E a futura Padroeira das Missões deu graças a Deus por esse seu primeiro pecador convertido, "meu primeiro filho" - escreveu ela, emocionada, nos Manuscritos Autobiográficos. Enquanto Santa Teresinha permaneceu no século, utilizava o dinheiro que ajuntara no seu cofrezinho para encomendar Missas pela alma de Pranzini a cada dia 31 de agosto, aniversário da execução do condenado. Hábito este que, com a devida licença da superiora, conservou também no Carmelo.


Crucifixo que Pranzini beijou antes de morrer.
Vejamos como Santa Teresinha narra esta passagem em seus escritos:
Ouvi falar de um grande criminoso que acabava de ser condenado à morte por crimes horríveis. Tudo fazia crer que morreria impenitente. Quis, a qualquer custo, impedi-lo de cair no inferno. Para conseguir, usei de todos os meios imagináveis: sentindo que, de mim mesma, nada poderia, ofereci a Deus os méritos infinitos de Nosso Senhor, os tesouros da santa Igreja, enfim, pedi a Celina para mandar celebrar uma missa nas minhas intenções, não ousando pedi-la eu mesma, temendo ser obrigada a dizer que era para Pranzini, o grande criminoso.
Não queria, tampouco, dizê-lo a Celina, mas insistiu com tanta ternura que lhe confiei meu segredo; longe de zombar de mim, pediu para ajudar a converter meu pecador. Aceitei com gratidão, pois teria desejado que todas as criaturas se unissem a mim para implorar a graça para o culpado. No fundo do meu coração, tinha certeza de que nossos desejos seriam atendidos. Mas, a fim de ter coragem para continuar a rezar pelos pecadores, disse a Deus estar segura de que Ele perdoaria o pobre infeliz Pranzini, que acreditaria mesmo que não se confessasse e não desse sinal nenhum, de arrependimento, enorme era minha confiança na misericórdia infinita de Jesus, mas lhe pedia apenas um sinal de arrependimento, para meu próprio consolo… Minha oração foi atendida ao pé da letra!
Apesar da proibição de papai de lermos jornais, não pensava desobedecer lendo as passagens que falavam de Pranzini. No dia seguinte à sua execução, cai-me às mãos o jornal La Croix. Abro-o apressada e o que vejo?… Ah! minhas lágrimas traíram minha emoção e fui obrigada a me esconder… Pranzini não se confessou, subiu ao cadafalso e preparava-se para colocar a cabeça no buraco lúgubre quando, numa inspiração repentina, virou-se, apanhou um Crucifixo que lhe apresentava o sacerdote e beijou por três vezes suas chagas sagradas!… Sua alma foi receber a sentença misericordiosa Daquele que declarou que no Céu haverá mais alegria por um só pecador arrependido do que por 99 justos que não precisam de arrependimento!
Obtive o “sinal” pedido, e esse sinal era a reprodução fiel de graças que Jesus me fizera para atrair-me a rezar pelos pecadores. Não foi diante das chagas de Jesus, vendo cair seu sangue divino, que a sede de almas entrou em meu coração? Queria dar-lhes de beber esse sangue imaculado que devia purificá-las das suas sujeiras, e os lábios do “meu primeiro filho” foram colar-se às chagas sagradas!!!… Que resposta indizivelmente doce!… Ah! desde essa graça única, meu desejo de salvar as almas cresceu a cada dia. Parecia-me ouvir Jesus dizendo como para a samaritana: “Dê-me de beber!” Era uma verdadeira troca de amor; às almas, eu dava o sangue de Jesus; a Jesus, oferecia essas mesmas almas refrescadas pelo seu divino orvalho. Dessa forma, eu parecia desalterá-lo e mais lhe dava de beber, mais a sede da minha pequena alma aumentava e era essa sede ardente que Ele me dava como a mais deliciosa bebida do seu amor…
125 anos depois da execução de Pranzini , algumas pessoas afirmam ter sido respondida depois de pedir a intercessão de Pranzini ! Isto pode parecer incrível, mas não impossível. Podemos nos referir à história de Jacques Fesch ( guilhotinado após o assassinato de um policial durante um assalto ), cuja beatificação está aberta.







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