segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Serva de Deus, Madre Maria do Carmo (Carminha) de Tremembé

A CARMINHA DE TREMEMBÉ

Hoje comemora-se o dia da Serva de Deus, Madre Maria do Carmo (Carminha) de Tremembé.


Carmem Catarina Bueno nasceu em Itu/SP, a 25 de novembro de 1898, festa de Santa Catarina de Alexandria. Seus pais eram Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno, que apenas contava quinze anos ao dar à luz a sua primogênita. Da mãe herdou o caráter decidido, temperamento ardoroso. Do pai, a alma de artista.
Ao dar-lhe a luz, a jovem mãe esteve com a saúde abalada. “Nhá Cota” (apelido afetuoso dado a D. Maria Justina Camargo Bueno) pediu para cuidar da recém-nascida em Campinas, como fizera com o filho adotivo, Teotônio.
A 12 de fevereiro de 1899 é batizada da Matriz Velha, pelo Pároco Pe. Manuel Ribas D’Avila. Como padrinhos teve Nhá Cota e seu esposo Comendador Francisco de Paula Bueno.
Em Campinas continuou a morar com os pais adotivos, feliz porque muito querida. Em Itu, o lar de seus pais se enriquece com a chegada de outros irmãozinhos: Esther (1901), Francisco (1902), Zey (1904), Dácio (1906) e José (1909).
Aos três anos a menina desaparece de casa e quando enfim a encontram, na Matriz Velha, de joelhos, no altar do Sagrado Coração de Jesus, lhe perguntam o que fazia ali; responde: – “Estou na ‘mixa’ do ‘Colação’ de Jesus!” Muitas outras vezes, ainda, repete a pequenina sua proeza.

Alegria de viver

Gostava de brincar com os companheirinhos no Largo da Matriz, correndo a pedir a bênção de seu pároco, logo que o percebia. Um de seu amigos de infância viria a ser o Bispo de Taubaté, Dom Francisco Borja do Amaral.
Vez por outra Carminha acompanhava Nhá Cota, já viúva, para visitar os papais e maninhos. Em outras ocasiões, a família é que passeava em Campinas.

Suprema recordação

Em junho, meses após a dor de ter perdido seu papai Teotônio, no dia de São Luiz Gonzaga, 21 de junho de 1910, recebe pela primeira vez o beijo de Jesus Eucarístico, “que em Céu a transformou”, pelas mãos de Dom João Batista Corrêa Nery. Carminha teve um intenso desejo de ir para o Céu e não mais se separar de seu Deus!

Na terra carioca

Aos 15 anos vai visitar a “mamãe moça” no Rio, que oito dias depois falece em conseqüência do nascimento de um filho, que a precede 24 horas no túmulo.
O padrasto se vê só e com cinco enteados e solicita a presença de D. Maria Justina junto deles, que se estabelece na terra carioca junto a Carminha.

Idade dos sonhos

Em 1916 vão se estabelecer na formosa Ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara, na Praia dos Frades.
Carmem conhece um estudante de engenhariae gostam-se imensamente. Aspiram ao matrimônio, à vida a dois. Traçam planos.

Caminhos de Deus

O estudante pertence a uma família abastada e de meio cultural muito bom, e deseja que Carminha se aprimore nos estudos, indicando-lhe “Sion”. Com o retorno de Nhá Cota para São Paulo, era a ocasião propicia para realizar a vontade do noivo.

Sion

É feliz sua estadia no Colégio. Vai se tornar Filha de Maria, no dia 23 de setembro de 1917, dia em que ouve o chamado do Senhor. Rompe, então, o noivado, escrevendo sincera e delicadamente para aquele que, indiretamente, lhe proporcionara tão grande graça. Fiel por natureza, rezará pelo moço até o fim de sua vida.

Futura carmelita

Nesta ocasião lê “História de uma Alma”, da futura Santa Teresinha. Toma a resolução de ser como Teresa de Lisieux: Carmelita. Escolhe como diretor Dom Francisco de Campos Barreto que a exercitou no amor de Deus e nas virtudes.

Para a meta

Sua mana Esther ao casar-se, em 1920, convida-a e à Nhá Cota para virem para o Rio. Aí frequenta a Capela Nossa Senhora do Carmo, futura Basílica de Santa Teresinha, na Rua Mariz e Barros, onde trabalham os Carmelitas Descalços da Província Romana. É a Divina Providência tudo dirigindo.

1926

É decidida sua entrada no Carmelo São José, no Rio, onde ingressa após a dolorosa separação de Nhá Cota. Fica ao lado dela, sua filha adotiva Emília Souza Aranha, que a leva para Ribeirão Preto (SP). Era o dia 21 de abril de 1926. Vestida de noiva, com o Menino Jesus de Praga nos braços, atravessa a porta do Mosteiro, então na sede provisória (Rua Abílio, 32).
Recebe o Santo Hábito em 24 de outubro de 1926, com nome religioso de Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade. Apesar de ser feliz, teve suas lutas, dado o temperamento ardoroso e as saudades de Nhá Cota. Mas Jesus vence!

Amém de Deus

No dia de sua profissão temporária escreve em suas anotações: “Quero ser o Amém de Deus”. Em 1928 recebe a última visita de Nhá Cota, que no ano seguinte repousa no Senhor, em Ribeirão Preto (SP).

Sabedoria da humildade

Suas lutas, por causa do temperamento vivo, prosseguem. Tudo faz com exuberância: daí objetos quebrados, derrubados e até um mergulho, de hábito e tudo, num tanque grande de água da pior espécie. Tudo serve para Carminha colocar os alicerces de sua santificação: a humildade, que se reconhece plena de limitações, mas que ousa desejar ser “perfeita como o Pai do Céu”. Para chegar a atingir sua meta, faz o voto de mansidão, a conselho de Dom Barreto, um de seus diretores espirituais.

Estrela de sua vida

Maria é a estrela que guia os caminhos de Irmã Maria do Carmo. Tudo faz para a glória de Maria. A ela entrega a direção de seus atos, suas intenções mais caras.
Exerceu o ofício de Mestra de noviças, sub-priora e finalmente de priora (a primeira após a Fundadora).
Com tudo isto não esquece de dar atenção aos seus manos. Estes, especialmente sua mana Esther, a ajudaram no acabamento da construção do Mosteiro São José do Rio.
Alma profundamente humilde é de extrema delicadeza para com a Madre Fundadora (Madre Benedita de Jesus, Maria e José) e para com as filhas espirituais.

Força da alma

Em 1949 volta a ser mestra de noviças. Sempre fora doente e doente cardíaca. O reumatismo deixa-a entravada, por vezes.
Em 1952 volta a dirigir o Carmelo e aí surge a idéia e a ocasião propícia para a fundação do Carmelo da Santa Face e Pio XII com a visita do “amigo” de infância – já Bispo de Taubaté – Dom Francisco Borja do Amaral. A fundação ocorre em 7 de setembro de 1955. Em 1957 é transladada a Comunidade, em procissão (até filmada). Madre Carminha trabalhava, sofria, rezava. Não lhe foram poupadas as provações. A tudo superava. Em 12 de setembro de 1961, Madre Maria do Carmo passa o governo da casa à Madre Antonieta Maria, ficando responsável pelo noviciado e pelo fim das obras.

“O Esposo espera...”

Em julho de 1965 ouve o primeiro chamado de Deus, numa crise de angina pectoris e a 13 de julho de 1966 falece santamente, vítima de um derrame cerebral (que a acometeu no dia 7 precedente e a deixou em coma profundo). Deixou saudades imensas e logo, do céu, começou a ajudar as filhas e o povo que, a sua intercessão, recorriam humilde e confiantemente.
Havendo, por algum tempo, o projeto de transladar o mosteiro para a cidade de Mairinque (SP) foi necessário em 1974, a abertura do túmulo de Madre Maria do Carmo (que, em 1972, sendo aberto, constatou-se a conservação de seu corpo). Médicos da USP, chefiados por Dr. Mário Degni (segundo laudo médico guardado em nosso arquivo) fizeram o exame do corpo de Madre Carminha e deduziram se tratar de mumificação de cadáver, embora unhas e cabelos só pudessem ser arrancados com pinça. O certo é que o povo reagiu contra nossa mudança e obteve do Sr. Bispo e dos moradores de Tremembé um abaixo-assinado, requisitando a divisão da Comunidade, metade permanecendo em nossa cidade. E foi o que se deu para a alegria de todos.

Causa de Canonização

A lembrança de sua profunda vida mística e suas inúmeras virtudes, dentre as quais se destacava a humildade, levou a Comunidade do Carmelo da Santa Face e Pio XII, após muita oração, a assumir em capítulo (por unanimidade) a introdução da Causa de Canonização de Madre Maria do Carmo, pois acredita que, através desta, Deus será glorificado.
Sua FAMA DE SANTIDADE tomou dimensões maiores, como a Comunidade relata neste fato:
“Em vista da supressão do nosso Carmelo de Tremembé e de sua transferência para a cidade de Mairinque, SP, no sexto aniversário da morte de Madre Maria do Carmo, decidimos fazer a exumação dos seus restos mortais e, qual não foi a nossa surpresa, quando se descobriu seu corpo intacto, inclusive suas vestes e as flores secas e, nem mesmo mau odor exalou de sua sepultura! Foi aí que a cidade de Tremembé mobilizou-se contra a transferência do Carmelo para outra cidade: a Sra. Prefeita Erondina Matos levou ao Sr. Bispo de então - Dom Francisco Borja do Amaral - um abaixo assinado da cidade de Tremembé que desejava enviar ao Papa Paulo VI. Foi acompanhada das principais personalidades da cidade, prometendo que, se as Irmãs consentissem em ficar, teriam ajuda em tudo. Hoje, consideramos esse acontecimento como o primeiro milagre de Madre Maria do Carmo. A então popularmente chamada ‘Santinha da Ponte’ continua atraindo os olhares do povo tremembeense, que diz alcançar inúmeras graças por sua intercessão.”
Sua canonização contribuirá para manter vivo e espalhar seu ideal: adorar a Sagrada Face de Cristo e reparar os ultrajes contra ela cometidos. Também fortalecer no coração dos fiéis o Sensus Eclesiae que a levava a uma imolação constante pelo Pontífice reinante, através do exercício diário da Via-Crucis e de uma vida totalmente doada, na simplicidade, humildade e caridade, que atinge seu ápice na unidade entre as pessoas – ‘CONGREGAVIT NOS IN UNUM CHRISTI AMOR!’ (Este era um dos seus lemas).
Assim, se um dia a Igreja achar conveniente, seja reconhecida a santidade desta Carmelita.



Fonte:
Carmelo da Santa Face - Tremembé

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